Diocese de Benguela quer reabilitar escola para a formação de leigos cristãos
A Diocese de Benguela tem em vista reabilitação da Escola dos Evangelistas para a formação de leigos cristão, revelou o bispo local, Dom António Jaca. Em entrevista ao Jornal de Angola, para fazer o balanço do que foi o ano de 2022, o prelado católico admitiu que a Igreja precisa de muita coisa, como de mais sacerdotes e agentes pastorais, pelo que há a necessidade de que a formação de leigos cristãos continue. Um primeiro passo, segundo o bispo, vai passar pela reabilitação da Escola dos Evangelistas e encontrar um formato que se adeque aos tempos novos.
Faleceu, recentemente, o Papa emérito. Que referências tem do pontificado dele?
O Papa emérito, Bento XVI, foi personalidade da Igreja Católica que dedicou as suas orações pelo amor, espalhou a sua fé com carinho para os crentes. Infelizmente, perante a morte, nada somos e nada podemos fazer; deixemos tudo nas mãos de Cristo. Os fiéis católicos, em particular, tinham uma admiração pela capacidade de Bento VXI em promover o diálogo como meio para superar qualquer conflito. Sentimos nos nossos corações muita gratidão, gratidão a Deus por o ter doado à Igreja e ao mundo, e gratidão a ele por todo o bem que conseguiu e, acima de tudo, pelo seu testemunho de fé e oração, especialmente nestes últimos anos de vida aposentada.
No ano recém-terminado, a Diocese de Benguela teve muitas realizações com forte impacto no seio dos fiéis, a começar pela consagração episcopal do bispo auxiliar, Dom Estévão Binga.
É um momento histórico para a diocese?
É, acima de tudo, uma bênção! D. Estévão Binga é o primeiro bispo auxiliar da história da Diocese de Benguela, nomeado pelo Papa Francisco. É uma demonstração de firmeza, crescimento e estabilidade da Igreja. Acima de tudo, é um ano de graça. Penso que vivemos um prolongamento do nosso ano jubilar como semente extraordinária a nível da nossa Diocese, portanto, um tempo, de graça. Realizamos visitas pastorais em todas as comunidades paroquiais, tivemos a ocasião de reencontrar as comunidades e não tivemos entraves na nossa acção pastoral. Tivemos alegria de ordenação sacerdotal de jubileus e vidas religiosas, de profissão religiosa, de muitos matrimónios. Tivemos a administração do sacramento de confirmação a centenas e centenas de jovens e adultos na nossa diocese. Temos um grande número de seminaristas religiosos e diocesanos, mais de 500 jovens, e tivemos a graça da ordenação episcopal do Senhor Dom Estévão. Acolhemos os bispos da CEAST que vieram para vários encontros. Portanto, foi um ano de graça e a todos os níveis positivo, no sentido em que a nossa comunidade cristã cresceu. Tivemos a criação de 15 paróquias neste ano, é um número grande. Quer dizer que as nossas paróquias crescem, o número de cristãos aumenta e há necessidade de fazer que todas elas sejam mais bem assistidas, fazendo novas paróquias e penso que a possibilidade de serem providas com sacerdotes é muito boa. Não temos nenhuma paróquia sem presença de sacerdotes, mas temos, sim, paróquias sem a presença de religiosos…
E o que dizer em termos de movimentos apostólicos?
Tivemos a oportunidade de encontrar, nas nossas visitas pastorais, vários movimentos apostólicos, a Fraternidade, ligada às congregações, a Promaica, a Legião de Maria, os grupos ligados ao apostolado de oração em infância missionária, movimentos ligados à rede de oração pelo Papa, movimentos apostólicos e grupos de jovens em actividade. Pelo que me têm dado a ver nas nossas visitas pastorais, as nossas paróquias estão fortes, estão bem, mas temos de crescer. O número de cristãos deve também corresponder à qualidade de vida cristã. Creio que ainda haja um caminho longo por percorrer no sentido de fazer com que as famílias cresçam também naquilo que é o sacramento. No cômputo, podemos dizer que foi um ano abençoado.
Diante destas realizações a que faz referência, ainda sente que a Igreja precisa de alguma coisa?
Precisamos de muita coisa; mais sacerdotes e agentes pastorais. Tivemos um encontro extraordinário com os evangelistas e vimos a necessidade de fazer com que a formação de leigos cristãos continue. A formação de catequistas de leigos, no sentido de assumirem com maior responsabilidade maior formação, maior competência as actividades que têm de levar a cabo enquanto catequistas, estes que muito bem fazem à Igreja Diocesana. Portanto, temos em vista reabilitação da Escola dos Evangelistas e encontrar um formato que se adeque aos tempos novos para fazer com que continuemos a formação de leigos cristãos. Há necessidade de prover as nossas paróquias de religiosos e religiosas. A nossa diocese tem poucos religiosos, do género masculino sobretudo. Os carismas da Igreja devem estar presentes na nossa diocese para que façamos mais apelos às mais congregações religiosas.
Neste processo são chamados sobretudo os jovens.
Há a necessidade de continuar a dotar os jovens de boa formação. Os jovens reclamam do acompanhamento deficitário por parte dos agentes pastorais, mas também precisam de uma formação maior, pois que os adultos poderiam acompanhar os jovens uma vez que os sacerdotes não podem estar em todo a lado, nem a fazer tudo. Os jovens têm de assumir maior responsabilidade na Igreja Diocesana. A Dinâmica da Igreja nunca está acabada, estamos sobretudo num caminho sinodal, o que quer dizer que temos de nos habituarmos a fazer da igreja uma instituição que promova comunhão, participação e missão; este é um caminho sinodal que temos de fazer. Portanto, quer dizer que só neste aspecto, há muito a fazer no sentido em que as pessoas percebam que ela a Igreja não é propriedade do bispo, dos padres nem das religiosas, uma igreja é família de Deus, onde todos têm uma palavra a dizer, uma responsabilidade a assumir. Logo, é uma igreja sinodal que caminha para comunhão onde todos temos algo a fazer e levar todos a participar. Temos um desafio muito grande a nível administrativo-financeiro de dar às nossas comunidades autonomia.
Este trabalho já está a ser feito?
É um processo. Estamos a recordar aos fiéis a necessidade das nossas paróquias estarem bem, do ponto de vista administrativo-organizativo. Isto é um serviço que deve ser confiado fundamentalmente aos leigos cristãos que devem ser peritos em Administração. Não podemos pensar que os sacerdotes podem fazer tudo na paróquia. Há a necessidade de uma participação maior dos leigos. No campo da Administração, temos um caminho a percorrer. Os conselhos económicos das nossas paróquias devem funcionar, não de forma aparente, mas de verdade; assumir o seu verdadeiro papel de gestor das paróquias. Portanto, só neste pequeno particular da Administração, temos um longo caminho a percorrer. temos muito por fazer. Desde casas paroquiais a paróquias por reabilitar; temos, diante de nós, muito trabalho. Assim, creio que nunca se pode dizer está tudo feito.
Nas movimentações feitas durante o ano, esteve várias vezes no interior da província. Que igreja encontrou?
A nível do interior da nossa Diocese temos comunidades muito vivas. Infelizmente, pensamos que temos muitos padres e não temos. As nossas comunidades no interior sofrem de má presença dos sacerdotes do ponto de vista da extensão do território do número dos seus habitantes, é difícil citar. Damos um exemplo, sobre a comunidade da Yambala, no município do Cubal que tem mais de 40 centros.
É realmente difícil para dois ou três sacerdotes visitarem todas estas comunidades. Temos algumas que se tiverem missa uma vez por mês, já é muito. Não têm porque não há sacerdotes. Não consegui ainda visitar todos os centros e catequeses quando vou ao interior, é quase impossível, mas essas comunidades também têm direito a uma visita pastoral. Estão afastadas da sede da paróquia, da missão, regra geral vêm a missão para visita pastoral do bispo ou do sacerdote, mas é necessário nós irmos, também, ao encontro destas comunidades. Aí temos muito trabalho
1 Comentários
Amém.. glória a Deus..
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